Meet the women who are pioneering web 3.0 with avatars, metaverses and cryptocollections
ISABEL JUNQUEIRA
Mariana The Hawk
“Sempre gostei de moda, mas achava um mundo intimidador, muito distante do meu”, contou a carioca de 26 anos que cresceu mergulhada na cultura gamer. Durante o curso de comunicação visual na PUC-Rio, viu que não conseguiria desviar de sua paixão. Em 2019 fez três cursos de verão na Central Saint Martins, em Londres, e, no início da pandemia, comprou uma máquina para aprender a costurar.
SAIBA MAIS
No meio do processo, abriu os olhos para a explosão da moda digital como surgimento de marcas como a The Fabricant e de softwares de modelageme simulação de tecidos user-friendly. Brincando comaplicativos como CLO e Blender conseguiu, de primeira, fabricar digitalmente uma roupa incrível, feito impossível no mundo real. A máquina de costura acabou ficando de lado. Hoje, Mariana também cria avatares, e suas roupas digitais e filtros estão à venda no marketplace Hic et Nunc. “Me identifiquei com a moda digital pela sua gamificação. É um simulacro no qual se tem uma possibilidade infinita de se recriar”, contou a designer que, no mês passado, apresentou uma criptocoleção na Brazil Immersive Fashion Week.
Vitória Cribb
Quando começou a cursar desenho industrial na UERJ, em 2015, a curiosidade dessa carioca de 25 anos se dirigiu naturalmente para o digital. Começou pesquisando sobre artistas e movimentos como o glitch art (estética que manipula erros eletrônicos) e, mais para frente, assistiu a tutoriais pela internet para aprender de maneira autodidata a produzir avatares e objetos 3D. “O início da minha produção foi num lugar de experimentação em que qualquer jovem passa, não tinha muita coerência. Postava tudo no Instagram e, conforme me aprimorei em técnica 3D, acabei encontrando um espaço para o meu trabalho no metaverso”, lembra. No ano passado, foi convidada a criar uma lente de realidade aumentada para os Spectacles, óculos de realidade aumentada do Snapchat, trabalho que resultou num outro convite, dessa vez para entrar no time de criadores oficiais de filtros da rede social. Foi também em 2020 que Vitória fez um avatar da cantora britânica Mahalia e, com a agência de manequins virtuais Mutantboard, criou a modelo-avatar Ôti. “É importante persistir. Às vezes, achamos que não somos conhecidos o suficiente, mas a verdade é que nunca sabemos quem está de olho no nosso trabalho”, afirma.
Ana Constantino
Antes da pandemia, Ana Constantino nunca havia ouvido falar em metaverso. Ao lado do artista conceitual Jon Morris, comquem fundou o coletivo Windmill Factory, a carioca de 39 anos, radicada em Nova York desde 2009, construiu uma carreira sólida produzindo projetos imersivos no “mundo real”.Um dos mais memoráveis foi The Wedge, um escorregador gigante com espaço para performances aéreas, sensação do Burning Man de 2009. Incomodada coma rigidez da experiência virtual no Zoom e serviços similares, criou no início da pandemia o Nowhere, ambiente virtual que integra vídeo com espaço 3D e já conta com o Google e a cidade de Nova York como clientes.
“Queríamos um espaço com uma dinâmica natural onde as pessoas pudessem se esbarrar, descobrir coisas novas juntas, se dividir em grupos. A criação de cultura se dá desta forma”, explicou Ana, que tem formação em publicidade e marketing na ESPM. É por isso que nos eventos organizados em Nowhere (foto) não existe avatar, o áudio aumenta ou diminui de acordo coma distância entre as pessoas e você não se vê, só os outros – quase como na vida real.
Adriana Hoppenbrouwer
“O mundo está mudando e eu preciso fazer parte desta mudança”, pensou a carioca de 47 anos no fim dos anos 1990, quando dava os primeiros passos na sua carreira em Londres, na época do boom da internet e da telefonia celular.
Depois de 20 anos no marketing de empresas como Orange Mobile e Nike fazendo a ponte entre marca, tecnologia e produto, Adriana sentiu de novo a energia de mudança no ar. “O mundo corporativo não abraça todas as possibilidades da tecnologia porque evita riscos e espera retorno a curto prazo”, contou.
Acabou se juntando a startups que produziam desenvolvimento de ponta em blockchain e em tecnologia 3D. Em 2019, ela virou sócia cofundadora da The Fabricant (foto), label referência em digicouture que vendeu naquele mesmo ano a primeira roupa digital em blockchain por US$ 9.500 – hoje, o vestido iridescente vale quase US$ 200 mil!
Mais recentemente, a marca lançou a The Fabricant Studio, plataforma e marketplace na qual qualquer pessoa pode virar designer. “Hoje, o metaverso tem mais avatar pelado do que vestido! São todos iguais.
Nossa grife sozinha não conseguiria mudar essa situação. A The Fabricant Studio é uma maneira de viabilizar a indústria de moda digital.”
Juliana de Matos
Antes de criar avatares e realidades estendidas para Nike, Uma e Alok, a mineira de 34 anos fez relações internacionais e seguiu carreira no marketing e branding de empresas, até que resolveu mudar radicalmente de rumo. O gatilho? O próprio Instagram, que deu repost de uma de suas imagens. “Ganhei 20 mil seguidores do dia para noite e recebi muitas propostas para fotografar campanhas publicitárias”, conta Juliana, que, com a invenção dos Stories, incorporou a produção de vídeos para seu portfólio. Em 2018, sua carreira deu mais uma virada ao roteirizar e dirigir Gaia Presidente, curta-metragem que usava animação 3D para contar a história de uma inteligência artificial que se tornava presidente do Brasil – a personagem do filme se tornando protagonista de um TEDTalk, falando sobre a possibilidade de uma inteligência artificial representar toda uma população, veja só... A tecnologia virou tão parte do seu DNA que Juliana aprendeu a modelar em 3D. O resultado pode ser visto no clipe “Moradia de Deus”, do rapper indígena KunumiMC, que ela dirigiu e animou. “Uso a tecnologia para criar universos utópicos e apontar saídas, e não desgraça, a distopia.”